Aquela velha vontade de voltar...

Há algumas semanas atrás coloquei de uma forma muito aberta para o meu marido que gostaria de voltar para o Brasil. Ele na hora concordou. Concordou mas não concordou, se é que me entendem!
Eu tenho muita vontade de voltar, mas ao mesmo tempo sei que aqui é o melhor lugar para criar nossos filhos. Mas sempre tem um "compromise". Aqui não temos a familia. Não tem a casa da vovó e as tias que amam meus filhos de paixão. Não temos o calor humano. Não podemos compartilhar datas especiais, aniversários e conquistas com eles.
Ando extremamente cansada de tentar "blend in" com os britanicos. As vezes prefiro me afastar, dar um tempo.
Essa vontade toda de voltar surgiu no final das férias de verão. Seis semanas de férias escolares, as quais passamos todas aqui, em Norwich. Estava exausta. O tempo todo tentando achar alguma atividade para as crianças ou separando as brigas, ou cozinhando...

Então, voltando ao assunto "volta ao Brasil", eu continua pensando. Mas agora não é o melhor momento economicamente falando. Mas quando será?
Sophia está com oito anos e sendo totalmente alfabetizada em Ingles. Me preocupo em demorar muito e ela sofrer com todos os verbos e acentuações etc, da lingua portuguesa. Eu já estou enferrujada depois de dez anos. Já não sei mais o que leva acento ou não.

Queria que o Brasil estivesse numa situação economica melhor, favorável para tomar essa decisão.
Tenho medo de voltar e me arrepender. Precisamos parar com essa vida cigana (mesmo que eu adore uma mudança).

xx

Viagem com ar de despedida!

Quando resolvemos voltar a morar na Europa (depois de apenas 1 mês após nosso retorno ao Brasil em 2011), conversei com o Isma (meu marido) e falei que não poderia ficar tanto tempo sem visitar a minha família. Sim porque dos quase 5 anos que moramos aqui inicialmente, fomos apenas 1 vez visitar o pessoal!! 1 única miserável vez.

Como ele não estava com vontade de ir este ano(nem no próximo) e agora temos que levar em consideração o calendário escolar da Sophia, resolvemos que eu iria com ela e ponto final.

Já estava desistindo de ir este ano, pois o valor das passagens para o período de julho ao início de setembro, são  mais altos que o normal, tudo devido as férias escolares do verão Europeu!

Como nossos queridos amigos Buenos estão prestes a retornar ao Brasil, após tres anos de Norwich, resolvi me "puxar" e achar uma passagem mais barata acessível e embarcar numa aventura a 5! Sim, cinco! Compramos as passagens ao mesmo tempo e vamos no mesmo vôo com minha xará Dani e os dois filhotes dela e marcamos poltronas vizinhas!! Imaginem a função, bagunça e se possível as mães irão relaxar, tomar um vinho(não muito) e tentar pregar o olho!!
Vai ser nossa despedida nos nossos queridos amigos. A Dani se tornou minha amiga irmã, mesmo que eu não tenha dito isso pra ela, sim, é assim que me sinto. Vou sentir falta dos nossos papos, cafés, confissões, desabafos, almoços, churrascos, idas ao parque, "girls night out", passeios. Não tive muitas amigas como ela, e aqui em Norwich só tenho mais uma dessas, e se ela se for, sinto que Norwich não será a mesma. Estarei perdida e desorientada mais uma vez.
A Dani se tornou minha terapeuta. Quando conversamos sobre coisas mais profundas e muitas vezes doloridas, me lembro de coisas que há muito tempo estavam esquecidas. As vezes tenho esperanças... dias melhores virão...

Meu lado dramático estava falando nos últimos trechos. Me desculpem. Mas nada é mentira. è tudo sentimento. E como um amigo falou um dia  "É vontade de viver". Not so sure sweetheart...

Mas voltando ao meu tema viagem. Tive que ouvir outro dia que um certo alguém estava preocupado(a) com o fato de EU estar viajando sozinha com a MINHA filha. Ora bolas, quer saber? Vão ver se estou na esquina!

A minha vida inteira tive que lutar pra ter o meu lugar na sociedade, pra ser vista como um ser humano próprio. To cansada de mi mi mi, não sou mais aquela guriazinha vulnerável que perdeu o pai as 4 anos de idade, que era vista apenas como a filha do Antonio, que  morreu e deixou tres filhas pequenas. E depois quando estava crescendo eu era a irmã da Téia e da Tina. Sim eu sou, mas eu tenho nome, sobrenome e endereço. Fico furiosa comigo mesmo por ter ouvido pessoas me falarem que eu não conseguiria chegar onde eu queria, que as coisas eram muito difíceis pra quem quisesse sair do interior. Pra essas pessoas eu não tenho nada a dizer, até porque elas não iriam ler um blog escrito por mim!! hahahaha
Quem sabe pessoalmente? Não sou má, mas não perdoo tão fácil!!

Amo a minha família e amigos queridos. Quero ver muita gente, vou viajar e vamos nos divertir. É um te tempo só para nós duas, nossa aventura. E não se preocupem, eu sou adulta e responsável pela minha filha desde o minuto que ela veio ao mundo. Vou cuidar, protejer e dirigir responsavemente, pois é isso que quem ama faz!!
Quando voltarmos no início de setembro, teremos que nos preparar para mais um longo inverno que vai começar num piscar de olhos!

Desculpem o desabafo, estava precisando escrever e me sentir mais "leve".

Down down down...Up Up Up!!

Comecei a semana me sentindo exatamente como está escrito na letra da música(abaixo) do querido Renato Russo. Mas com um empurrãozinho aqui e outro ali, consegui me livrar desse sentimento, por hora.


Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho
Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz

Mas não me diga isso

Hoje a tristeza
Não é passageira
Hoje fiquei com febre
A tarde inteira
E quando chegar a noite
Cada estrela
Parecerá uma lágrima

Queria ser como os outros
E rir das desgraças da vida
Ou fingir estar sempre bem
Ver a leveza
Das coisas com humor

Mas não me diga isso

É só hoje e isso passa
Só me deixe aqui quieto
Isso passa
Amanhã é um outro dia
Não é?


Eu nem sei porque
Me sinto assim
Vem de repente um anjo
Triste perto de mim

E essa febre que não passa
E meu sorriso sem graça
Não me dê atenção
Mas obrigado
Por pensar em mim

Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz
Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho

Quando tudo está perdido
Eu me sinto tão sozinho
Quando tudo está perdido
Não quero mais ser
Quem eu sou

Mas não me diga isso
Não me dê atenção
E obrigado
Por pensar em mim

Não me diga isso
Não me dê atenção
E obrigado
Por pensar em mim

Pronta para mais um ano!

Prestes a completar mais um ano de vida, mais um ano agitado e cheio de mudanças, um ano a mais de Experiência!!

Mas no fundo, me sinto e me transporto constantemente aos meus 14, 15 anos. Tantos sonhos, tantas coisas a serem perseguidas, conquistadas, descobertas e também tantas coisas que eu deixei de lado. Que não procurei o suficiente, não investi mais tempo.

Ouço sempre que não podemos nos arrempeder pelo que deixamos de fazer. Eu me arrependo sim, sou uma pobre mortal, e me arrependo de coisas que não fiz sim.

Estava tendo essa conversa outro dia com uma amiga, então pensei, "sou normal, não sou a única a pensar assim", e isso me deixa um pouco mais aliviada, conformada.

Não temos escolha, todos os anos envelhecemos, acrescentamos mais uma vela no bolo e pretendo celebrar muitos e muitos anos ainda!

Pode vir que estou pronta pra encarar mais um ano em minha vida e que seja cheio de surpresas!

Das músicas que me acompanham.

Eu gosto de ouvir música.
Gosto de ouvir música para acalmar minha alma, para me relembrar de lugares, pessoas, cheiros.

Hoje eu ouço as músicas em Inglês, as mesmas de uma época que agora parece tão distante, uma época em que eu não entendia nada do que era cantado. Hoje eu entendo, compreendo e penso "Nossa, mas é sobre isso que eles(as) estão cantando??

Mas tenho ouvido muita música com letras tristes. Acabo sempre ouvindo as mesmas, acabo sempre procurando as músicas para explicar o que eu estou sentindo.
Não pensem que estou sempre triste, não. Mas tenho andando deprimida, brigando internamente com meus demônios, tentando expulsá-los, mas eles são muito fortes e persistentes...

E porque parece sempre ser tão errado falar das nossas dores. Falar que estamos nos sentindo deprimidos abertamente. Deveria eu estar sempre sorrindo e falar que está tudo bem. Que a vida é linda e o sol vai voltar a brilhar para mim também. E que eu tenho a filha mais amada do mundo que me enche de orgulho.

Outro dia encontrei um velho amigo no FB. Muitos e muitos anos se passaram e sabe que ele nem lembrava mais de mim. Hahahaha, que triste isso né.
Eu lembro de tanta gente. Lembro de muitos momentos, mas tbm esqueço de muita coisa. Queria esquecer o que me machuca. Deletar, e começar a viver sem medo.

Quando demora pra acontecer...

Tenho pensado muito na vida, na minha vida.
Não sei se tem a ver com a mudança, com o inverno chegando, saudades, ansiedade ou meus outros "projetos"..

Mas na semana passada, me lembrei de como demorou pra que eu conseguisse engravidar. Claro que não foi taaaanto tempo assim. Mas para quem é tentante, sabe do que eu estou falando. A diferença que 1 mês faz na vida da gente!
Lembro que ficava ansiosa esperando e o mundo caia sobre mim. Ali, naquele momento, eu desacreditei no que eu já não acreditava a mais tempo. Mas não estou aqui para falar de religião ou fé, ou no meu caso, a ausência delas!

Mas foram 5 meses de espera, angústia, choros e eu não tinha com quem compartilhar. Não queria  que ninguém soubesse do meu sofrimento, queria somente poder dar a notícia boa(por telefone). Morávamos em Norwich e eu não tinha amigas ainda.
Não lembro mais com quantas semanas eu contei pra minha mãe, mas com certeza não esperei muito. Minha vida começou a ter outro sentido e eu e o Isma nos aproximamos mais ainda (se isso era possível). Tinhamos um ao outro e agora teríamos mais uma "criaturinha" para cuidar, ensinar, amar, encher de mimos e carinho.

Hoje estamos super felizes com a nossa Sophia. Ela é o principal motivo por estarmos de volta a Europa, e o que nos faz sorrir todos os dias.

*Uma dica para quem está tentando engravidar.
Não faça o que eu fiz! Converse com alguém, abra o seu coração.
As coisas ficam mais leves quando compartilhadas.
Boa sorte :)

O que os outros pensam...

Quando somos expatriados, o povo lá do nosso país, acha que nossas vidas são "um mar de rosas".
Que fizemos inúmeras viagens, não paramos em casa, nadamos em dinheiro e só comemos caviar(eca..) blá blá blá..

Mas para deixar bem claro para os metidos  preocupados, estamos desde o dia 1° de março deste ano aqui em Berlin, e ainda não saímos da cidade!! Sim isso mesmo. Essas fotos lindas que vcs vêem aqui ou no facebook, são todas diretamente de Berlin!
Berlin é muito grande e recheada de parques de todos os tipos e tamanhos. Muitos castelos, lagos, rios, enfim, respiramos História.

Temos um passeio(mini férias) programado para o mês que vem. Conto aqui depois como foi...

**Pelo menos eu conto e posto fotinhos aqui, contrário de muita gente mal agradecida que só quer notícias mas não escreve nunca..PRONTO FALEI.

Errando e aprendendo...

 

Ontem completou um ano que deixamos Norwich, Inglaterra (sim existe uma cidade com o mesmo nome nos EUA).

Foi um ano meio turbulento, tenho que confessar. Quem me acompanhou por aqui ou me escreveu perguntando como estava, sabe do que eu estou falando.

Quando chegamos no Brasil, tentei botar um sorriso no rosto e tocar a vida. Mas era só alguém me perguntar como eu estava, como a Sophia estava, que as lágrimas saim rolando rosto abaixo sem esforço algum!
Sophia chorava, queria a casa dela, queria os amiguinhos dela. Os brinquedos que não puderam ir junto. Ela estava revoltada. Acordava no meio da noite e chorava como nunca havia visto ela chorar. Se debatia, não conseguia controlar minha filha. Deitava ao lado dela e chorava junto quietinha, até pegar no sono novamente.
Foi uma fase difícil. Conversávamos muito, eu e o Isma. Ele sempre me falava que estavamos juntos nessa e que ia dar tudo certo. Tinhamos que ficar unidos e sempre apoiar um ao outro.


Já na primeira semana, depois de resolver o episódio alugar um apartamento, tivemos a infeliz idéia de comprar um carro zero km, pois afinal de contas, a nossa intenção era ficar por lá!
Nos primeiros dias, pra mim tanto fazia o que era o que não era. Estava em luto, em estado de choque, re-aprendendo a lidar com a "nossa" cultura.
Isma me levou pra escolher o carro, disse que poderia ser aquele sim, tava bom, era espaçoso, pode ser preto sim..
Mais tarde descobrimos que a cor preta pra carro no Brasil é uma merda, o carro esquenta taaanto quando vc deixa estacionado no sol, mesmo com ar condicionado demora pra aliviar...
O carro era muito grande, ruim de estacionar.
O vidro ficou muito escuro com o filme que escolhemos...e assim vai.
E preto?? qualquer risquinho por menor que seja, vc enxerga a quilometros de distancia...
E aí, depois de pouco mais de 4 meses de uso, vendemos ele pois viemos morar na Alemanha!
Claro que perdemos dinheiro, sempre perdemos dinheiro quando compramos e vendemos as coisas usadas..
Mas poderia ter sido pior!

Foram menos de 6 turbulentos meses no Brasil.
Mas claro que nem tudo foi ruim. Tivemos bastante tempo com nossas famílias(mais a minha, claro). (Claro no sentido de que eles sempre mostram mais interesse pela gente e pela Sophia).

Sophia teve a primeira amiguinha brasileira (Alícia) e o pequeno Markus. Nós (Isma e eu) pudemos rever velhos amigos!


Agora na Alemanha, mesmo sendo um idioma desconhecido pra Sophia, ela está bem.
Temos nossa rotina estabilizada e vejo a minha filha se adaptando bem a tudo.

Bom final de semana a todos :-)

It's hard to let her go..

Gente, coração de mãe sofre.
Não, Sophia não está doente. Também não caiu e se machucou!

Sofro por pequenas coisas(pra vocês elas são pequenas, pra mim são gigantescas!!)

Acabei de chegar da escolinha. Deixo a Sophia lá as 9 da manhã e volto pra buscar as 2 da tarde. Meia hora pra ir e meia pra voltar(calculem...2 hrs por dia, pra mim, em ônibus e tram).

Ok, vamos ao meu sofrimento.
Nas terças feiras é dia de esportes, então as crianças acima de 4 anos vão para um ginásio que tem nas redondesas da escolinha e tem uma aula com profissionais que fazem várias atividades com eles por uns 45 minutos. Bem legal, assisti a primeira vez que acompanhei a turma, no período que estavamos fazendo adaptação. Sophia ainda não que participar, mas ela vai junto e fica sentadinha ao lado da teacher, daqui a pouco ela vai se juntar a turma tbm(fingers crossed :) ).

Mas eu fico apreensiva, pois eles saem da escolinha para isso. Caminham uns 25 minutos(sim calculem passos infantis!!) E atravessam uma rua beeem movimentada. Tenho medo que alguma coisa aconteça, morro de medo. Vim pra casa com lágrimas no olhos, com vontade de conversar com alguém, compartilhar minha dor, minha angústia e ouvir um " vai ficar tudo bem, as teachers cuidam muito bem deles". Sim eu sei que cuidam, mas tava precisando de "reassurance".

Pode parecer bobagem pra vocês que estão lendo.
Mas a Sophia é meu tesouro mais precioso, minha vida, meu motivo de lutar todos os dias por dias melhores e é ela que me faz rir e chorar de alegria.
Sou protetora, talvez me preocupe demais, mas tenho os meus motivos.
Motivos pelos quais sofro dia após dia.

E depois vou lá buscar meu tesouro e ganhar aquele abraço mais apertado do Mundo todo!!

Sem noção...

Ai gente, preciso falar aqui.

Tem coisa pior que você escrever para alguém e a resposta ser assim digamos, curta e sem adição nenhuma???
Tenho pavor disso, raiva mesmo.
Se você pensou em alguém, teve o trabalho de escrever perguntando como a pessoa está e tudo mais, e a resposta vier assim : "Tudo bem, e vocês?"
#Pelamordedeus

Moramos longe de todos os nossos familiares e amigos, tento fazer contato para aproximar um pouco os continentes e acalmar meu coraçãozinho. E também para me manter informada né.

Quando estivemos no Brasil (set2011 até fev 2012) estava totalmente por fora do que aconteceu nos últimos 5 anos. E acreditem, não é por falta de interesse, eu tento buscar informação!!


Na próxima vez que eu escrever, tenham um pouco de consideração, ou simplesmente não me escrevam "at all".



Boa semana a todos :)

Desabafando..

Tem dias que a gente acorda com uma vontade de desabafar, de gritar para o Mundo o que está te encomodando!
Hoje consegui fazer parte do que tenho planejado há anos e estou começando a me sentir um pouco mais aliviada!
Mas ainda não gritei pro Mundo todo..
Um dia...sim um dia vou conseguir criar a coragem e gritar para "os quatro cantos" do Mundo e deixar essa dor se dissipar...